Entenda as mudanças recentes da NR-1, o impacto dos riscos psicossociais no trabalho e como sua empresa pode se adaptar à nova legislação.
A NR-1 (Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais) é a base de todas as normas regulamentadoras de saúde e segurança no Brasil. Criada em 1978, pela Portaria nº 3.214, essa norma passou por diversas atualizações até chegar às mudanças mais recentes, que afetam diretamente um tema cada vez mais relevante: os riscos psicossociais no trabalho.
A revisão de 2019 substituiu o antigo PPRA pelo PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos), ampliando o foco de apenas riscos ambientais para uma visão completa dos riscos ocupacionais. Já em 2024, veio a alteração mais importante: a obrigatoriedade de incluir os riscos psicossociais dentro do PGR, regra que passou a valer em maio de 2025.
Isso significa que as empresas agora têm a responsabilidade clara de identificar, controlar e prevenir riscos que afetam a saúde mental e o bem-estar dos colaboradores, como assédio moral, sobrecarga e conflitos interpessoais.
O que são riscos psicossociais?
Riscos psicossociais são condições relacionadas à rotina, gestão e relações de trabalho que afetam negativamente a vida profissional e pessoal dos colaboradores. Eles podem se manifestar de várias formas, como:
- Excesso de carga de trabalho e prazos irrealistas;
- Pressão excessiva por resultados;
- Falta de apoio da liderança;
- Assédio moral ou sexual;
- Relações de conflito entre colegas e gestores;
- Dificuldade de conciliar vida pessoal e profissional;
- Falta de reconhecimento ou insegurança no emprego.
Esses fatores podem levar a estresse ocupacional, burnout e afastamentos, comprometendo não apenas a saúde dos trabalhadores, mas também o desempenho da empresa.
Impactos dos riscos psicossociais nas organizações
Ignorar os riscos psicossociais traz consequências graves, que vão além do aspecto humano. Entre os impactos mais comuns estão:
- Aumento do absenteísmo;
- Elevação do turnover e dificuldade em reter talentos;
- Redução da produtividade individual e coletiva;
- Custos maiores com afastamentos e tratamentos de saúde;
- Prejuízo à cultura organizacional e ao clima de trabalho.
Ou seja, investir na prevenção dos riscos psicossociais é também uma estratégia de negócios, já que empresas saudáveis e equilibradas são mais produtivas e sustentáveis.
O que mudou com a nova NR-1?
A atualização da NR-1, válida a partir de 2026, reforçou o papel das empresas na gestão da saúde e segurança, incluindo agora os riscos psicossociais. Entre as principais mudanças, destacam-se:
- Integração ao PGR – Os riscos psicossociais devem ser identificados, documentados e controlados como parte do Programa de Gerenciamento de Riscos.
- Treinamentos obrigatórios – Empresas precisam capacitar gestores e equipes para identificar sinais de esgotamento, prevenir conflitos e lidar com situações de risco.
- Documentação e auditorias – Pesquisas de clima, treinamentos e ações preventivas devem ser registradas, podendo ser cobradas em auditorias.
- Integração com outras normas – A NR-1 se conecta, por exemplo, com a NR-17 (Ergonomia), reforçando a importância de abordar aspectos físicos e psicossociais juntos.
- Foco em prevenção – Estabelecimento de políticas organizacionais que promovam equilíbrio emocional e bem-estar.
- Responsabilidade compartilhada – O empregador deve oferecer um ambiente seguro, enquanto os trabalhadores têm o dever de seguir as orientações e reportar situações de risco.
Como identificar e prevenir riscos psicossociais
Para atender à legislação e proteger os colaboradores, é fundamental adotar uma abordagem estruturada de prevenção. Algumas práticas essenciais incluem:
- Mapeamento contínuo do ambiente de trabalho, por meio de pesquisas de clima, feedbacks e rituais de acompanhamento;
- Construção de uma cultura organizacional saudável, baseada em respeito, inclusão e reconhecimento;
- Capacitação das equipes, utilizando programas de treinamento, SIPAT e ações da CIPA para abordar saúde mental, resolução de conflitos e assédio;
- Investimento em ergonomia e condições físicas adequadas;
- Criação de canais de diálogo e suporte, como ouvidorias internas e canais de denúncia, garantindo segurança para relatar problemas.
Essas medidas tornam a empresa mais preparada para lidar com desafios, além de gerar confiança e engajamento entre os colaboradores.
O papel do RH e da SST
O Departamento Pessoal, junto com a área de SST, é central nesse processo. Entre suas funções estão:
- Atualizar o PGR com os riscos psicossociais;
- Promover treinamentos e ações de conscientização;
- Monitorar indicadores de saúde mental e clima organizacional;
- Realizar auditorias internas periódicas;
- Documentar todas as medidas aplicadas.
Ferramentas para apoiar a gestão
A tecnologia é uma grande aliada nesse processo. Ferramentas como a Solução de SST da Senior, implantada pela Sancon, permitem:
- Gerenciar riscos ocupacionais de forma integrada;
- Documentar e centralizar dados de saúde e segurança;
- Monitorar indicadores de forma ágil com relatórios estratégicos;
- Facilitar auditorias e conformidade legal.
Oportunidade para as empresas
A inclusão dos riscos psicossociais na NR-1 é um marco para a saúde e segurança no trabalho no Brasil. Mais do que uma obrigação legal, essa mudança é uma oportunidade para as empresas fortalecerem sua cultura, cuidarem melhor de seus colaboradores e alcançarem maior produtividade.
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